Foto retirada da net, não sei o autor.
Grande parte das pessoas não entende o "apego" a um simples objecto que pode até não ter valor, eu sou muito ligada a toda a "minha tralha", tralha que vem da minha trisavó, da minha infância, dos meus colegas de trabalho, viagens, filha e netos ou apenas um mero objecto que alguém me deu ou que tem uma história.
Na minha tralha, espalhada pelas paredes, armários e vitrines estão objectos que contam histórias, pequenos apontamentos do meu passado, da minha vida, da vida dos que me são importantes, até podem ser os prémios da gata, os post it que me deixaram no carro há mais de 20 anos, versos de um cravo de manjerico, versos num maço de tabaco, um bilhete de cinema, comboio ou mesmo uma rolha, os meus livros e bonecos de criança, tudo tem história, tudo me conforta quando me sinto perdida, desiludida, ou apenas a perder o rumo...
Neles está a minha infância, o que não me lembro é compensado por simples objectos como uma velha lata de bolachas de lata amarela que me lembra Luanda, os livros que li e que mais tarde li à minha filha e neta, são 3 gerações de memórias.
"Não devemos ficar agarrados ao passado", pois não, mas isso não impede que tenhamos um passado, que tenhamos recordações, uma música, um lugar, um cheiro ou a penas uma palavra, recordar é bom, e uma mulher sem passado é um ser vazio. Das más recordações felizmente só tenho memórias, afastei todos os objectos que me recordavam a dor, os momentos mais complicados, mas infelizmente já tive que me desfazer de várias coisas, com elas vai sempre um bocadinho de mim, do meu passado, ficam-me os cheiros e as imagens que essas ninguém mas tira, não são vendáveis, são só minhas e das pessoas com quem as partilho.
Costuma-se dizer que a vida dá muitas voltas, se dá, cada volta é para pior e chega-se a uma certa idade e passou, ninguém deu valor ao nosso trabalho, dedicação, apenas por poderem viram-nos as vidas do avesso, pegam em nós como de marionetas se tratassem e movimentam-nas a seu belo prazer ou então atiram-nas para um canto, onde ficam desengonçadas, tristes, sem alma a apanhar pó e ver a vida passar...
Falo muito, escrevo muito, tenho o coração ao pé da boca, mas sou verdadeira e como estas Luas são minhas, escrevo o que me apetece, o que me vai na alma, este lugar já foi o meu refúgio várias vezes e cada vez acho mais que é preferível alunar que desabafar com os outros.
Na esperança que as minhas coisas tenham ido parar a boas mãos e que a minha bisavó, avó e mãe não estejam muito zangadas, dou por finda este relambório de mágoas.
Como diria o outro: É favor de serem felizes!
Luar
Se tem erros é problema meu, ninguém mos paga....
foto: retirada da net
Hoje não foi um dia particularmente bom para mim, alias, já ontem não foi!
Caí na asneira, sim, foi uma asneira enorme, de me "associar" aos Grupos do Facebook de antigas Escolas/Colégios em que andei, comecei muito animada, escrevi o meu nome e o nome pelo qual poderia ser conhecida e fiquei a ver as fotos os nomes, enquanto puxava pela memória as recordações guardadas, para chegar à conclusão que afinal, não tenho quase recordações, não tenho memórias....
De alguns deles nem sei bem em que anos lá andei, não tenho fotos, não tenho pastas com desenhos, programas, notas, nada, acho que ninguém se lembra de mim...
A minha mãe mudou-me tanta vez de Colégio, assim como de casa, que eu não criei raízes, não guardei nada na memória, nem os outros guardaram de mim, e ela, deitou fora o meu passado, como o fez com tantas outras coisas minhas, sempre que se irritava comigo por eu não ser o que ela queria que eu fosse...
Hoje, com mais de 50 anos olho para trás e acho que a Vida passou por mim e eu por ela sem olharmos uma para a outra, pelo menos até certa altura!
Tirou-me do colégio interno onde eu adorava estar para me obrigar a ir tirar um curso que eu odiava, mas gostava da Escola, infelizmente com o 25 de Abril fecharam-na e acabaram com o curso, hoje no Centro de Emprego o Senhor diz-me que quando muito terei o 6º ano", e que todos os cursos que tirei no meu antigo emprego através no INA, "são lixo"!!!
Mas voltando atrás, não sei o que sentem as outras pessoas, mas eu ouço as minhas Irmãs falarem dos tempos do colégio, das colegas das brincadeiras, elas têm coisas guardadas, gosto muito de as ouvir recordar!
Eu lembro-me de pouco ou nada, algumas coisas sei pois elas contaram-me. Acho que andei sempre aos "saltos" de África para Lisboa e depois cá foi um corrupio de Colégios/Escolas/Casas/Hotéis...
Não conheci bem o meu pai, não sabia que podia ter escolhido ir viver com ele aos 12 anos, ninguém me disse... ele vivia em Luanda vinha cá 2 vezes por anos mais ao menos, era sempre um inferno para que a minha mãe me deixasse estar com ele, passar férias com ele, então, nem pensar.... Para meu grande desgosto e falta de sorte ele morre de repente quando eu tinha 15 anos, eu nem sabia que ele estava internado, ele quis falar comigo e morreu a pensar que eu não lhe ligava nenhuma.... Ninguém me avisou, mais uma vez a Vida me passou a perna e eu caí!
Anos mais tarde, depois de muita psiquiatria, aprendi uma coisa sobre o meu pai, uma coisa que me custou muito... A minha mãe seria maluca, desequilibrada, ciumenta e até má em certas coisas, mas o meu pai, era comodista, só para não ter que a "ouvir", que a aturar, ele nunca lutou por mim, nunca exigiu os seus direitos de Pai, ele conhecia-a e deixou-me entregue nas mão dela, coisa que o Pai das minhas Irmãs não fez, esse preocupou-se com elas, foi Pai!
Afinal o que fui eu para aqueles dois? Para ela, fui uma forma de se afirmar como mulher, de fazer pirraça e de mostrar que aos quarentas e já com filhas adultas ainda era jovem para ter filhos... Para ele fui a filha que ele queria, acredito que gostasse de mim, mas nunca teve força para enfrentar a minha mãe, para lhe dizer NÃO!
A minha Vida começou depois da minha Filha nascer e de eu me separar do Pai dela, mas custa-me pensar que perdi grande parte da infância dela, a trabalhar duramente, embora com gosto, só o pude fazer com a ajuda das minhas Irmãs, principalmente de uma, pois nós tínhamos 12 Concertos por mês pelo país fora, quando eram em Lisboa chegava tarde e acordava cedo, mais tarde mudei para outra Orquestra, onde também trabalhei muito e fazia o que gostava e sabia fazer, até um dia vir novamente alguém para me destruir a Vida!
Dessa foi de vez, só posso ficar grata pelo que me fizeram, pela injustiça com que me trataram, é o que acontece a quem não "lambe botas", mas nunca lambi, nem hei-de lamber, por isso estou na situação em que estou.
A única coisa que me deixa em paz é saber que no dia em que eu desaparecer, certas pessoas vão recordar-se de mim para a vida inteira, por bons e por maus motivos!!!
Só mais uma coisa: Eu deixei de ser "POSTO DE INFORMAÇÕES" não sabem?! Soubessem, adivinhem, são todos competentes menos aqui a idiota, por isso descubram!!!!
Foto: retirada da net
Luar
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